
Texto escrito para livros de artistas pertencentes a série Projeto para lugar algum, nanquim sobre papel. Todos sabem que o labirinto é uma criação que só se entende quando se está dentro. Mas acredito que isso seja uma meia verdade, pois Rafaela mostra que não se precisa entrar, primeiramente, num labirinto para reconhecê-lo. Basta estar diante de suas estruturas para assimilar o que digo. Cada parte da estrutura se liga as demais sem nunca se perder a clareza do que se pretende e quem vê, de fora, percebe a vertigem que causam. Talvez se possa chamar o que vemos de uma arquitetura suspensa, que tem como objetivo abrir novas perspectivas, nos introduzir num mundo onde a janela é vista de baixo para cima, onde a escada se encontra invertida, de modo que o espaço concreto nos leva, pouco a pouco, ao espaço onírico. Ainda mais, pelo fato, de existir mais de uma folha, com a mesma ordenação plástica, o que confere, uma sobre a outra, um efeito hipnótico. Rafaela nos mostra que o sentido tradicional de arquitetura pode ser subvertido e que não somos capazes de alcançar o infinito, mas que, ao menos, se pode, com um simples olhar, sentir a densidade da vida. Ver, um de seus trabalhos, é uma viagem plena de ardor.
Fábio Padilha Neves (graduado em artes visuais pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo.
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